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sábado, 1 de setembro de 2012

STF - Especialista russo revela que seu país foi o maior produtor e consumidor de amianto no último século - STF

Notícias STF

Sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Especialista russo revela que seu país foi o maior produtor e consumidor de amianto no último século

O médico PhD em Saúde Ocupacional e pesquisador líder no Instituto de Pesquisas em Saúde Ocupacional da Academia Russa de Ciências Médicas, Evgeny Kovalesky, apresentou informações sobre o uso do amianto na Federação da Rússia. Ele é um dos palestrantes que participaram da audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) para debater o tema.

Com a utilização de gráficos, ele falou sobre pontos importantes relacionados ao uso da fibra e as decisões tomadas em seu país quanto à segurança, principalmente de trabalhadores expostos ao amianto do tipo crisotila. “Essa questão é muito importante na Rússia porque a Rússia foi, no último século, o maior produtor e o maior consumidor do amianto crisotila e, somente nos últimos anos, ela foi superada pela Índia e pela China”, revelou. 

Considerando esse uso vasto do amianto na Rússia e as opiniões das organizações internacionais, Evgeny Kovalesky informou que, em 2007, o Ministério da Saúde da Rússia elaborou o projeto do programa nacional para a eliminação das doenças relacionadas ao amianto. Ele contou que, inicialmente, foram analisadas todas as mais de duas mil publicações científicas feitas na Rússia, começando do ano de 1902. “Esse problema foi estudado pela primeira vez na Rússia em 1907”, disse.

Segundo o pesquisador, entre os principais pontos considerados comuns em todos os estudos estavam os níveis de empoeiramento e de doenças de asbestose encontrados numa fábrica com cerca de 10 mil trabalhadores. “30% deles tiveram essa doença e o nível de empoeiramento era de 290 miligramas por metro cúbico, situação na qual não dá pra ver nada na sua frente a meio metro de distância”, relatou, ao ressaltar que, à época, esse foi o primeiro resultado do primeiro exame médico realizado logo após da Segunda Guerra Mundial, época em que “o nosso principal alvo foi reconstruir o país e ninguém prestava atenção na segurança dos trabalhadores”.

Resultados semelhantes foram registrados em outras fábricas, afirmou Evgeny Kovalesky, mas conforme ele, durante anos as fábricas antigas foram reconstruídas ou fechadas e os níveis de exposição caíram. Assim, disse que, depois de reduzir o nível de empoeiramento, praticamente não foram registrados casos de doenças nas fábricas nos últimos anos. “Atualmente, no exame dos mesmos trabalhadores, das mesmas fábricas, nós temos menos de um centésimo por cento das doenças e essas pessoas trabalharam mais de dezenas de anos em condições de trabalho inapropriadas, muito pesadas e perigosas”, salientou.

Práticas atuais

De acordo com pesquisador, foi criada uma lista dos materiais contendo amianto que são recomendados para o uso, além da regulamentação de medidas apropriadas de segurança no uso da fibra, elaborados em 1999, conforme as recomendações normas da OIT. Em 2011, as regras foram renovadas com base em recentes leis. “Infelizmente ou felizmente queríamos achar uma comprovação para proibir diretamente o uso do amianto na Rússia, mas não tivemos sucesso, não achamos base científica sólida para fazer isso”, disse.

Ele também informou que o Instituto de Câncer foi convidado a avaliar o risco de doenças epidemiológicas. Segundo ele, depois de várias discussões e formalizações, em 2012 foi criado o conceito da política estatal visando à eliminação de doenças relacionadas à exposição ao amianto, aprovada pelo Ministério da Saúde da Rússia e também pela Comissão Tripartida da regularização das questões sociais e que hoje aguarda aprovação do governo russo.

“Temos muito trabalho pela frente. Estamos fazendo cartografia das fábricas existentes e fechadas, bem como em ruínas e jazidas de todos os tipos de amianto e de outras fibras que podem oferecer perigo a saúde humana”, ressaltou, ao completar que, por essa razão, “é obrigatório avaliar as condições e exposições existentes para evitar a subestimação do risco”.

EC/EH


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