Notícias STFSexta-feira, 31 de agosto de 2012Representante da CNTI cita estudos científicos favoráveis ao uso controlado do amianto
Representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e do Instituto Brasileiro de Crisotila, o médico Milton do Nascimento afirmou nesta sexta-feira (31) que vários estudos científicos provam que materiais de fibrocimento (feitos com amianto tipo crisotila) não representam risco para a população. Nascimento foi o terceiro especialista a falar na audiência pública organizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para debater o uso do amianto tipo crisotila no Brasil.
Ele citou estudos científicos internacionais e nacionais que comprovam que o uso do amianto por meio do “cimento-amianto” é seguro, já que nesse caso a liberação de fibras é baixíssima, e afirmou que documento publicado em 2000 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) chega à mesma conclusão.
“Esse estudo (da OMS) foi confirmado pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica da Universidade de São Paulo, mostrando que não há nenhuma liberação de fibra ou pouca liberação ao longo do uso de telhas de fibrocimento”, reiterou.
Epidemia
Ainda segundo o médico, a suposta “epidemia de mesotelioma (tipo de câncer quase sempre causado por exposição a amianto)” e o suposto “crescimento de doenças associadas ao amianto”, propalados por entidades que lutam para banir o uso do mineral no país, são baseados em dados imprecisos, pouco consistentes e superestimados.
O médico chamou atenção para trabalhos científicos que identificam como mesotelioma todos os tumores de pleura, desconsiderando que a pleura é uma estrutura do organismo que pode ser acometida por diversos tipos de tumores. Em contraste a essas pesquisas, ele citou estudo de autores vinculados à Universidade de São Paulo e ao National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) comprovando que, ao aprofundar a análise da causa da morte de 217 pessoas que receberam atestado de óbito por mesotelioma, indicou que esse motivo poderia ser efetivamente atribuído a 83 mortes.
Segundo Nascimento, a produção de amianto no Brasil foi iniciada por volta da década de 1940, ou seja, há mais de 70 anos. “Tomando-se em média que o tempo de latência para instalação do mesotelioma é de 35 anos, temos de nos questionar: cadê a epidemia dos anos 70 ou 75 e cadê a epidemia dos anos 2000 e 2010”. “Não temos encontrado resposta nas publicações científicas nesse sentido”, emendou.
Ele informou que, em 2011, a agência norte-americana que cuida dos riscos de substâncias perigosas ranqueou a crisotila em 119º lugar. “Nossas autoridades pouco se preocupam com substâncias que efetivamente são de maior risco, como o arsênio, o chumbo e o mercúrio, e há uma preocupação muito grande em se falar do amianto, em especial o crisotila”, disse, ao questionar o porquê disso.
O especialista também criticou falas contrárias ao uso do amianto que citam estudo da OMS para afirmar que não há limite seguro para o uso da substância. Na verdade, disse ele, a OMS organizou um manual de uso da crisotila em que afirma que não há limite identificado para uso da substância porque não é possível se fazer experiências em humanos para detectar o limite de exposição para desenvolver um câncer.
Nascimento afirmou que OMS inclusive “se manifesta no sentido de que, na população em geral, os riscos de mesotelioma e câncer de pulmão atribuíveis ao amianto não podem ser quantificados de forma confiável e provavelmente são baixos”.
RR/EH
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