Notícias STFSexta-feira, 31 de agosto de 2012Nunca teremos uma exposição zero ao amianto, afirma pesquisadora Rosemary Ishii
Mesmo em países em que o amianto foi abolido, como na Alemanha, Inglaterra, Austrália e Polônia, estudos revelam que ainda existe uma certa aglomeração de fibras da substância no ar. A afirmação foi feita pela pesquisadora Rosemary Ishii Sanae Zamataro, representando a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e o Instituto Brasileiro de Crisotila, durante a segunda fase da audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso do amianto no Brasil.
Na avaliação da pesquisadora, resultados brasileiros sobre concentrações ambientais de amianto eram inferiores aos das pesquisas realizadas em outros países. “Nós sempre teremos a presença de amianto tanto no ar, quanto na água e no solo, porque ele existe livre na natureza. Existe em afloramentos naturais em grandes extensões, então sempre teremos o nível de concentração de fibras, nunca teremos uma exposição zero absoluto”.
Segundo a pesquisadora, que é graduada em Química pela Universidade Mackenzie de São Paulo, com especialização em Higiene do Trabalho, na Faculdade de Medicina da Santa Casa (SP), os resultados obtidos em estudos realizados no Brasil são muito baixos e inferiores àqueles encontrados em estudos feitos em outros países, mesmo naqueles em que o uso do amianto já foi abolido.
Com 35 anos dedicados aos estudos sobre amianto, Rosemary Ishii é diretora-presidente de laboratório creditado pelo Inmetro para a avaliação da quantidade de fibras de amianto em suspensão no ar. Ela explicou que são realizadas auditorias frequentes, com a presença de técnicos do Inmetro e que duas vezes por ano os relatórios são debatidos entre especialistas de várias partes do mundo em controles interlaboratoriais, para atestar a qualidade dos relatórios. Tais estudos, segundo ela foram sempre realizados com a presença de trabalhadores e técnicos em segurança do trabalho.
Níveis de tolerância
A pesquisadora informou durante a audiência que os estudos realizados nos últimos cinco anos para o acompanhamento da cadeia produtiva do amianto – desde a fase da mineração, incluindo transporte, postos de trabalho, revenda e manuseio de fragmentos – mostraram que os índices de presença do amianto estão dentro dos limites de tolerância aceitos pela legislação.
Ela ressaltou que foram feitos estudos em construções antigas que continham grande quantidade de telhas feitas com cimento e amianto, como na obra da década de 1930 do Hangar do Zepplein, na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Informou ainda que também foram feitos testes com microscopia eletrônica na cidade de Minaçu (GO), onde está situada a maior mina da amianto em atividade no Brasil e em cidades e distritos próximos a uma mina desativada na região. Salientou que todos resultados apresentam valores inferiores aos limites de tolerância.
Os limites de tolerância sobre o amianto estão fixados na Norma Regulamentadora 15, Anexo 12 do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo de de 2,0 f/cm3 para fibras respiráveis de asbesto crisotila. Segundo o item 12.1, entende-se por "fibras respiráveis de asbesto" aquelas com diâmetro inferior a 3 micrômetros, comprimento, maior que 5 micrômetros e relação entre comprimento e diâmetro superior a 3:1. (Alterado pela Portaria SSST n.º 22, de 26 de dezembro de 1994).
Rosemary Ishii é também pós-graduada no Curso de Especialização em Atribuições Tecnológicas na Universidade Mackenzie.
AR/EH
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