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quarta-feira, 6 de março de 2013

STF - Pesquisador da Fiocruz alerta que proximidade a fontes de alta tensão pode estar ligada a óbitos por leucemia - STF

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Quarta-feira, 06 de março de 2013

Pesquisador da Fiocruz alerta que proximidade a fontes de alta tensão pode estar ligada a óbitos por leucemia

O pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador do programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública, Sergio Koifman, fez uma análise histórica acerca dos efeitos da exposição a campos eletromagnéticos no mundo e expôs uma pesquisa sobre a possibilidade da exposição estar ligada ao óbito de crianças por leucemia em municípios de São Paulo. Representando o Ministério da Saúde, Sergio Koifman participou da audiência pública sobre Campo Eletromagnético de Linhas de Transmissão de Energia realizada na manhã de hoje (6) no Supremo Tribunal Federal (STF).

Desenvolvida entre os anos de 1992 e 2002 em 289 residências de diferentes municípios paulistanos, a pesquisa teve como objetivo investigar se o ambiente de exposição ao campo eletromagnético na região – onde 187 crianças com menos de 15 anos faleceram em decorrência de leucemia – se diferenciava dos municípios onde 182 crianças da mesma faixa etária foram a óbito por causas diversas.

Segundo Koifman, a pesquisa constatou que ao contrário dos domicílios nos quais as crianças faleceram por causas diversas, as residências das crianças que morreram por leucemia eram mais próximas dos circuitos primários de energia (cabeamento que chega a transportar 3200 volts de energia) e dos transformadores de energia (responsáveis pela adaptação da voltagem para 110 e 220 volts utilizados nas residências). “Nos transformadores elétricos e nos circuitos primários a tensão ainda é elevada, ou seja, quanto mais próximo, maior a intensidade de exposição”, afirmou o pesquisador.

Histórico

Koifman esclareceu que os primeiros trabalhos que abordam o tema ocorreram na União Soviética no início dos anos 60, nos quais  pesquisadores apontaram efeitos cardiovasculares e psíquicos em trabalhadores expostos aos campos eletromagnéticos em regiões de alta tensão. Segundo ele, uma mudança de padrão na análise da exposição ocorreu a partir de um estudo pioneiro realizado em 1979 por dois pesquisadores norte-americanos. Eles encontraram próximos às residências de crianças vítimas de câncer, leucemia e tumores cerebrais, um aumento de equipamentos de alta tensão elétrica.

O pesquisador acrescentou que no início dos anos 90 foram desenvolvidos equipamentos capazes de medir a intensidade da exposição ao componente eletromagnético que auxiliam até os dias de hoje na medição. No entanto, ele acrescenta que ainda com o uso destes aparelhos, não é possível confirmar os resultados. “Muitos estudos que analisam a chamada configuração elétrica mostram uma relação de associação, enquanto os estudos com dosímetros não permitem a corroboração desses resultados”, explica.

Suspeitas

O ministro Dias Toffoli do STF, responsável pela convocação da audiência pública, questionou o pesquisador se foram medidos os níveis de radiação nos munícipios paulistanos onde ocorreram mortes por leucemia e por causas diversas. Koifman esclareceu que os níveis de radiação medidos em ambas as áreas não eram diferentes, no entanto, o tipo de aparelhagem elétrica instalada nas proximidades onde houve mortes por leucemia pode ter sido a causa dos óbitos. “Como as crianças passam a maior parte do tempo na residência e apresentam biologicamente uma maior vulnerabilidade a esse tipo de exposição, isso poderia trazer uma maior exposição acumulada do que uma aferida com a medição com o dosímetro”, explicou o pesquisador.

O Subprocurador-Geral da República, Mário Gisi, questionou se mesmo estando dentro do padrão de altura das linhas de alta tensão as crianças podem sofrer efeitos de radiação que ocasionem leucemia. Koifman explicou que a Agência Nacional de Pesquisa do Câncer da Organização Mundial de Saúde (OMS) suspeita que a proximidade das linhas de alta tensão estejam ligadas aos casos, mas que, no entanto, ainda não há uma confirmação. “É o acúmulo de evidências que vai dar uma direção. O que se costuma fazer nessas situações é, na medida em que existem suspeições, em que existem evidências, procurar se limitar o tipo de exposição. Evitar a exposição desnecessária a algo que se suspeita como danoso à saúde”, concluiu. 

VA/AR


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